O projeto 13 Casas é muito mais que oferecer uma casa, mas principalmente um Lar onde a pessoa possa se sentir uma filha de Deus e uma pessoa humana e uma cidadã que tem o direito de ter uma moradia.

M. F. S, 57 anos, viúva, escolaridade: 3°série. Trabalha na coleta de materiais recicláveis e a limpeza de terrenos, moradora da cidade de Almirante Tamandaré, em Brasil.

Há dois anos M. começou a ser acompanhada pelas Irmãs Filhas da Caridade da Comunidade Irmãs Tereza Araújo, num primeiro momento ela foi ouvida e foi entregue a ela alimentos. Na primeira visita na residência dela logo percebemos a necessidade de uma ajuda ainda maior, pois a moradia era insalubre sem nenhuma condição de alguém morar.

O barraco de M. está localizado dentro de um banhado, lugar de ocupação, a pequena casa de 5x7m² foi construída por ela mesmo, ela utilizou uma parede de tijolos que já estava lá no terreno e com pedaços de compensados, de madeiras velhas e o telhado é feito com telhas desgastadas, assim ela construiu sua tão sonhada casa. A casa tem estrutura frágil, e está amarrada em uma árvore, porque sempre quando chove o riacho que passa ao lado transborda alagando tudo e correndo risco da água levar a casa. Por ser um lugar úmido está sempre rodeada de bichos, sapos, ratos e insetos. Não possui banheiro, rede de tratamento de esgoto, não tem abastecimento de água levando ela a pegar água de uma mina do riacho que passa ao lado, a energia é pelo sistema de “gato”.

Dentro da residência há 1 armário que ela guarda roupas e um outro que ela guarda alimentos, 1 cadeira, 1 televisor, 1 aparelho de rádio, 1 sofá e a cama que ela mesmo construiu com medo dos alagamentos, é uma estrutura de madeira suspensa e um colchão, o fogão feito de uma lata de tinta e tijolos amontoados e uma grelha fica do lado de fora da casa ao lado um tambor para lavar a louça.

Economicamente M. busca diversos meios de sobrevivência, mas sempre percebemos que as pessoas a escraviza. Ela nos relata que muitas vezes é chamada para fazer trabalho de capinagem e no fim do dia só recebe um prato de comida ou uma parte mínima do valor combinado. Possui o cadastro do Bolsa Família, recebendo o valor mensal de R$ 99,00 (noventa e nove reais). Com frequência ela nos procura pedindo alimento e dinheiro, também recebe ajuda de pessoas próximas.

Diante dessas situações podemos afirmar que as condições de vida são sub-humanas, M. é uma pessoa muito simples, carismática e sofrida, possui muita força de vontade e busca uma mudança de vida, mas tem pouca instrução, sempre precisa de orientações e até mesmo intervenções. Foi diversas vezes orientada de seus direitos, até mesmo intervimos em um processo judicial que ela abriu solicitando a pensão por morte e pecúlio contra PMC, devido a morte de seu esposo. O sonho dela também é de conseguir uma moradia digna, pois antes da morte do seu esposo ela tinha uma casa confortável, mas depois disso ela foi perdendo tudo e hoje se encontra diante dessa situação.

Com a ajuda de muitas pessoas, famílias e empresas foi possível construir uma casa digna para M. Em parceria com as Filhas da Caridade, Conferencia dos Vicentinos de Rio Branco do Sul, Paroquia São Vicente de Paulo e Paroquia Nossa Senhora das Mercês, Juventude Mariana Vicentina e outros, entregamos a M. as chaves de seu lar. O projeto 13 Casas é muito mais que oferecer uma casa, mas principalmente um lar onde a pessoa possa se sentir uma filha de Deus e uma pessoa humana e uma cidadã que tem o direito de ter uma moradia.

M. é muito grata com o que recebeu, hoje segue sua vida com mais alegria, esperança e confiante que não está sozinha, mas sabe que existe no mundo pessoas boas capazes de partilhar e dar amor ao próximo.

Irmã Cleonice Regina Claudino, DC

Curitiba/Paraná – Brasil