A partir de que idade que as pessoas se tornam sem-teto?
A história de Sean lembra-nos que, infelizmente, ficar sem casa pode acontecer a qualquer pessoa quando menos se espera. Para ele, o som de uma porta fechando atrás de si foi o momento para perceber que havia perdido tudo o que construiu após anos de trabalho árduo e sacrifício. Felizmente, abriu-se para Sean uma porta para uma segunda oportunidade: uma nova casa onde pode ver a vida passar e o sol nascer e pôr-se.
O sorriso é a minha força
O meu nome é Sean e a minha história é como a de muitos outros: de repente, fiquei sem-teto quando não o esperava.
Trabalhei arduamente toda a minha vida, na esperança de um futuro em que pudesse finalmente gozar a minha aposentadoria.
Mal sabia eu que, com quase 70 anos, me encontraria na rua sem ter para onde ir. Há décadas que a Irlanda vivia uma crise de moradia e, como tantas outras pessoas, de repente vi-me sem um teto.
O meu percurso até à situação de sem-teto começou quando dono da casa que eu morava me despejou. Após procurar por todo o lado um lugar que pudesse pagar com o dinheiro da minha aposentadoria, percebi que não tinha um lugar que eu pudesse chamar de minha casa. Foi quando ouvi aquele som, o bater da porta atrás de mim, que conheci a dura realidade: eu era um sem-teto. Ser sem-teto atingiu-me como uma nuvem de tempestade. A sensação de impotência era avassaladora. Fiquei sem palavras.
Mas pouco antes do confinamento em janeiro de 2020, passei pelo Back Lane Hostel da Depaul Irlanda em Dublin. Estar ali reacendeu a esperança nos meus momentos mais difíceis, um lugar onde me senti acolhido e cuidado. Estava determinado a recomeçar, por isso mantive-me ocupado com as aulas, fiz longas caminhadas e escrevi muitas cartas para afastar a minha mente do vazio deixado pela perda de tudo.
Com o apoio do pessoal e dos voluntários da Depaul, consegui uma casa própria depois de um ano, recuperando a dignidade de um lar. Estava tão feliz, por isto voltei no albergue para partilhar a minha alegria e agradecer às pessoas que me apoiaram durante aquele ano difícil, tornado ainda mais difícil pela pandemia da COVID-19.
Agora, estou verdadeiramente satisfeito com a minha nova casa, adoro a pequena alegria de ver o nascer e o pôr do sol no meu próprio jardim e estou entusiasmado com um futuro melhor.
Estou profundamente agradecido pela ajuda que recebi da Depaul e ingressei recentemente no seu programa de amizade em Dublin, onde quero dar apoio a outras pessoas necessitadas. Este programa tenta impedir que as pessoas se tornem sem-teto, construindo relações significativas na comunidade.
Também consegui uma vaga num curso sobre dignidade e direitos humanos, e tenho a certeza de que este é o início de outra percurso incrível. Quero dividir o meu sorriso, a minha energia e a minha força com aqueles que enfrentam dificuldades.
Quero ser útil, eu quero auxiliar as pessoas da mesma forma que recebi ajuda. Estou muito grato por isso.
Quero auxiliar a minha comunidade e respeito profundamente a coragem e a força não somente minha, mas também de outras pessoas da “Campanha 13 Casas”. As nossas histórias recordam nos que a dor que precisa de atenção, para procurar garantir que todos, e não apenas alguns, possam ter uma vida digna.